Aline Caetano Begossi
“Roda
infantil” Cândido Portinari
A escola deve ser ativa,
dinâmica, aberta para o encontro com a vida, participante e integrada à família
e à comunidade – contextualizada em termos culturais. Nessa escola, a aquisição
do conhecimento deve processar-se de maneira significativa e prazerosa, em
harmonia com uma nova orientação pedagógica e social em que a disciplina é
expressão natural, conseqüência da organização funcional das atividades e da
racionalização humana da vida escolar. (ELIAS, 1996, p. 11)
Acompanhando a
história do desenvolvimento do conceito de criança e do brinquedo vemos o modo
como hoje as crianças têm seus espaços para brincar cada vez mais reduzidos,
apesar do grande desenvolvimento da indústria do brinquedo e do entretenimento.
A violência que impede as brincadeiras nas ruas, aliada ao modo de vida dos
pais, envolvidos com o trabalho e sem tanto tempo para os filhos, fazem da
escola o espaço mais propício para o desenvolvimento de brincadeiras, até mesmo
pela possibilidade de contato maior com diferentes crianças. Mas outra questão
surge: a escola tem sido esse espaço para o brincar? Qual papel o brincar ocupa
na escola?
Conversando
com diferentes professores, todos assumem a importância da brincadeira. Eis mais uma questão: Se todos, na área da
educação, consideram importante o brincar, por que ele é tão pouco valorizado
na prática?
A brincadeira
é mais evidente na educação infantil, mas já no primeiro ano do ensino
fundamental, o antigo pré, a brincadeira tem perdido seu espaço para a educação
formal e conteudista, que ainda faz parte da mentalidade da maioria dos
professores. É como se o brincar na escola só fosse permitido até cinco anos de
idade, e precisasse ser coibido nas séries seguintes, pois, dentro dessa
mentalidade, o brincar atrapalha o aprendizado formal.
Há cinco anos,
a criança permanecia no pré até a idade de seis, em alguns casos sete, onde
tinha muita oportunidade para brincar e mais tarde ingressava no primeiro ano.
Hoje, com o ensino de nove anos e a inclusão da faixa etária de seis anos no
fundamental, essas crianças passaram a fazer parte desse ensino mais
sistematizado. De repente é como se elas não precisassem mais brincar tanto,
mas sim de carteiras, cadeiras, lápis de escrever e borracha. As brincadeiras
ficaram reservadas aos momentos de parque (quando a escola tem um) e ao curto
recreio. Ou acontecem de maneira engessada, dentro de sala de aula, com um
caráter pedagógico, para atingir um fim didático, que acaba tornando a
brincadeira algo enfadonho. Sobre a falta do brincar dentro da escola, a autora
Munhoz Maluf afirma:
É rara a escola que invista neste aprendizado. A escola
simplesmente esqueceu a brincadeira, na sala de aula ou ela é utilizada
com um papel didático, ou é considerada uma perda de tempo. E até no
recreio, a criança precisa conviver com um monte de proibições, como
também ocorre nos prédio, clubes, etc. (MUNHOZ MALUF 2000).
Munhoz propõe
que as escolas hoje precisam incorporar o lúdico a sua proposta pedagógica,
como eixo principal de seu trabalho, resgatando o papel da brincadeira na sala
de aula, papel esse que vá muito além de uma mera função didática. Para isso,
os professores precisam estar munidos de conhecimentos para que compreendam a
importância da brincadeira.
No caso da
prefeitura de Campinas, na qual eu sou professora efetiva há sete anos, percebo
que os professores que receberam as crianças de seis anos, são aqueles
acostumados ao trabalho com a antiga primeira série, trabalho esse de
alfabetização apenas, baseada em métodos tradicionais de ensino, com as mesmas
atividades para todos, que aprisionam as crianças por quatro horas na carteira,
soltando poucos minutos durante o intervalo. Vejo que a maioria dos conteúdos,
dos quais a escola se ocupa, são desvinculados da vida.
A grande parte dos professores parece saber
que podemos trabalhar lateralidade, organização especial, noção de tempo,
coordenação motora global e fina, noção corporal, tonicidade, equilíbrio, noção
de limites (através das regras), concentração, a ansiedade, autonomia e tantos
outros conceitos através de uma brincadeira, mas muitos continuam a dar
exercícios xerocados de coordenação motora fina, ou pensam em trabalhar noção
espacial pedindo para colar bolinhas de papel dentro de um desenho já pronto,
transformando o trabalho que deveria ser divertido, num trabalho cansativo. E a
grande reclamação que escuto na sala dos professores é:
“Esses meninos não têm noção de espaço! Não
sabem nem o que é direita esquerda! Eu
não sei mais o que fazer para ensinar isso.”
Como
diria Freinet, “A vida se faz
pela vida.” Se as crianças brincassem mais nas escolas de brincadeiras
como “Vivo ou Morto”, “Queimada”, “Amarelinha”... teriam a noção de espaço
trabalhadas, sem que houvesse necessidade de trabalho formal para isso. “As crianças se
interessam pela vida do seu meio, pelas flutuações da natureza e dos trabalhos,
e gostariam de estudar principalmente aquilo que lhes diz respeito.” (FREINET, 1969, p. 133-134).
Observo o
desânimo com que os pequenos entram pelo portão, a euforia com que participam
do curto recreio (parece um estouro de boiada, sem direção) e a alegria com que
vão embora da escola. Na saída da escola percebo o quanto são sufocados pelos
nossos métodos de ensino.
Se pensarmos, pois, que a
alegria do trabalho é essencialmente vital, e mais do que o jogo; se pensamos
que é possível oferecer às crianças atividades que as interessem profundamente,
que as empolguem e as mobilizem por completo, é nessa via que devemos
embrenhar-nos (FREINET, 1969, p. 190).
Fiz muitos
estágios em várias escolas da rede pública (estado e município) e particular de
Campinas. Foram 600 horas de estágio supervisionado do maternal ao fim do
fundamental. Além disso, trabalhei como professora no estado, na rede
particular e atualmente trabalho como professora de educação especial (inclusão
de crianças com necessidades educativas especiais) no município e vejo de perto
o trabalho dos professores. Percebi, nesses quinze anos de observação, que a
visão que se tem de trabalho escolar sério exclui o brincar, pois tal visão
está alicerçada numa escola onde as crianças ficam horas sentadas numa
carteira, submissas, imobilizadas, para atingir objetivos propostos pelo
professor através de exercícios preestabelecidos, com o fim de atingir o máximo
de rendimento dos alunos.
Mesmo com as
crianças menores da educação infantil, o brincar ainda é pouco valorizado.
Parece mais um momento onde os professores podem relaxar enquanto os alunos
ficam soltos no parque e que bom que as crianças têm esse momento de parque!
São realizados muitos trabalhos dirigidos para pintar, recortar, colar e são
poucos os momentos onde os professores brincam com as crianças de brincadeiras
e jogos populares, como as cantigas de roda, por exemplo.
O professor
parece não ter entendido, ou assumido seu importante papel no ato de brincar.
No que Paulo Freire responde de maneira muito bela:
Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do
exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua à
curiosidade epistemológica, e de outro, sem o reconhecimento do valor das
emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação (FREIRE,
2005, p. 45).
E que a escola
não pode “se, na verdade
engajada na formação de educandos educadores, alhear-se das condições sociais
culturais, econômicas de seus alunos, de suas famílias, de seus vizinhos
(FREIRE, 2005, p. 63).
Munhoz Maluf resgata ainda a importância da
brincadeira na construção do aprendizado infantil e do adulto como mediador
desses momentos lúdicos, desenvolvendo através do brincar, aspectos como a
motricidade, a atenção e a imaginação das crianças. Por isso brincar e estudar
não são coisas desvinculadas, mas dois aspectos importantes do mesmo processo
que é a aprendizagem. Na brincadeira a criança assume a sua corporeidade,
realiza-se gastando energia.
Sousa Almeida
propõe ainda que a “recreação”, como muitos chamam as brincadeiras, é essencial
dentro da escola.
A ludicidade é o único método capaz de promover a alegria, a atração e o
engajamento da criança com o conteúdo proposto, atingindo integralmente os
objetivos do conhecimento, da afetividade e do desenvolvimento sensório-motor.
Os benefícios didáticos do lúdico são procedimentos didáticos altamente
importantes, mais que um passatempo, é o meio indispensável para promover a
aprendizagem, disciplinar o trabalho do aluno e incorporá-los a comportamentos
básicos necessários à formação de sua personalidade e sociabilidade. (SOUSA
ALMEIDA, 2008).
Recrear,
muitas vezes é visto como sinônimo de ócio, mas muitos estudos apontam que o
brincar aumenta a auto- estima do aluno e do professor, pois traz consigo
momentos onde tanto professor, quanto o aluno entregam-se inteiramente a
atividades não impostas e que trazem um bem estar bio-psico e espiritual, já
que recrear significa buscar sentido de prazer, cultivar atitudes de legitimo
interesse humano.
Dentro dessa
ideia o ócio é algo necessário ao ser humano, pois nele há revitalização de
energias, preparando o ser humano para atividades como esportes, artes,
literatura. É o momento onde o homem pode vislumbrar o que há de belo no mundo
e no homem. Se olharmos o significado da palavra ócio no dicionário Aurélio.[1]
veremos que ócio pode significar:
·
Descanso
do trabalho; folga, repouso.
·
Tempo
que se passa desocupado; vagar, quietação, lazer, ociosidade.
·
Falta
de trabalho; desocupação, inação, ociosidade.
·
Preguiça,
indolência, moleza, mandriice, ociosidade.
·
Trabalho
mental ou ocupação suave, agradável
Ou seja, de
maneira geral, consideramos o ócio enquanto folga, preguiça, moleza e muitos,
indo além, consideram-no o momento do “fazer nada”, mas considero impossível ao
ser humano fazer nada, já que nossa mente está sempre trabalhando, funcionando,
pensando e já que a palavra ócio também significa trabalho mental agradável,
lazer, "dedicar-se
operações de natureza intelectual e espiritual que se traduziam no exercício da
contemplação da verdade, do bem e da beleza, de forma não utilitária". (BACAL,
2003, p. 43[2]).
Mas não seria
uma antítese dizer que a brincadeira é momento de ócio, se propomos que ela é
um trabalho pedagógico sério? Ao recorrer ao conceito comum de trabalho do
dicionário Aurélio, deparei-me com muitas definições para a mesma palavra.
1.Aplicação das forças e
faculdades humanas para alcançar um determinado fim: O trabalho
permite ao homem certo domínio sobre a natureza; [...] 2.Atividade coordenada, de caráter
físico e/ou intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa, serviço ou
empreendimento. 3. O exercício dessa atividade como ocupação, ofício, profissão.
Trabalho (2) remunerado ou assalariado; serviço. 5. Local onde se exerce essa
atividade. Qualquer obra realizada. 7. Maneira de trabalhar a matéria, com
manejo ou a utilização dos instrumentos de trabalho: 8. Esforço incomum; luta,
faina, lida, lide. 9.Tarefa para ser cumprida; serviço. 10. Fatura, feitura,
lavor. 11. Atividade que se destina ao aprimoramento ou ao treinamento físico,
artístico, intelectual, etc. [...]14. Tarefa, obrigação, responsabilidade.
[...]16. Econ. Atividade humana, considerada como fator de produção.
De toda essas
definições, que remontam ao trabalho como fadiga, tarefa, serviço, algumas
chamaram-me atenção “Qualquer
obra realizada[?]”, “Atividade
que se destina ao aprimoramento ou ao treinamento físico, artístico,
intelectual, etc.” tal aprimoramento não se daria no ócio? E por último, “o trabalho permite ao homem certo domínio sobre a natureza” Essa
lembrou-me Karl Marx (1983), para quem o trabalho é uma das principais dimensões da vida humana,
pois é por ele que o homem domina a natureza e se satisfaz nas suas
necessidades vitais essenciais e é por ele que o homem externa sua capacidade
de inventar e criar, se reconhecendo como produtor do objeto.
Souza Almeida, 2008 completa: “O homem trabalha para ser livre. Parece uma antítese, pois ao trabalhar se escraviza e aspira, cada vez mais, libertar-se do trabalho e das obrigações para dedicar-se a si mesmo”.
Portanto, debatendo os significados das
palavras ócio, trabalho, percebo que nas atividades recreativas há a
possibilidade do cultivo a reflexão sobre si mesmos e sobre o que dá prazer
para conquistar a liberdade, e que isso não deixa de ser um trabalho sério e
indispensável à escola de hoje, ainda tão presa a métodos tão tradicionais de
ensino.
O professor, realizando
atividades recreativas com as crianças, permite-lhes vivenciar o cultivo de uma
reflexão sobre si mesmos e do que lhes dá prazer para a conquista de sua
liberdade. Atividades recreativas em sala de aula fazem o processo de aquisição
e construção do conhecimento, bem como de interação interpessoal e vivência de
atitudes serem, sobretudo, prazerosos para o aprendente e, portanto,
indispensáveis nas escolas do século XXI. (SOUSA ALMEIDA, 2008).
Fortuna, 2000, destaca que
a palavra jogo está relacionada a
movimento. De outra parte, a expressão seriedade é uma tentativa de
exprimir o não-jogo, embora o jogo possa incluir seriedade. Enquanto a palavra
grega schola, antes de significar escola, foi usada para designar ócio,
depois ócio dedicado aos estudos, a palavra latina ludus originalmente
refere-se à escola, jogo, diversão infantil. Ócio, por sua vez, do latim otiu,
remete à folga, repouso, mas também trabalho mental agradável. (FORTUNA, 2000).
Ou seja, se
originalmente a palavra escola designava o lugar do ócio, do trabalho mental
agradável, do lúdico, do aprendizado pela diversão, porque distanciamo-nos
tanto desse conceito? Para explicar isso a autora cita Kurtz[3]:
na Antigüidade e Idade
Média o objetivo da produção não era um fim autológico abstrato como hoje, mas
prazer e ócio. O ócio, como conceito antigo e medieval, não era uma parcela
separada do processo da atividade remunerada, antes estava presente nos poros e
nichos da própria atividade produtiva. Enquanto a abstração do tempo-espaço do capitalista
ainda não cindira o tempo da vida humana, o ritmo de esforço e descanso, de
produção e ócio transcorria no interior de um processo vital amplo e
abrangente. (1999, p.3)
Ou seja, a
escola hoje é um resultado do sistema capitalista em que estamos imersos, onde é
necessário criar, quanto mais cedo melhor, habilidades para que um dia as
crianças enfrentem o mercado e consigam competir e vencer posições dentro da
sociedade moderna. A “não seriedade” do jogo é uma ameaça improdutiva dentro
desse sistema.
Com efeito, o que vitima o jogo, engendrando seu
status rebaixado perante as demais atividades, é sua não-seriedade, o prazer
que implica, e sua improdutividade. Enquanto na escola persistir a divisão do
espaço-tempo nos moldes do capitalismo, para retomar as idéias de Kurtz (op.
cit.) [...], não só o jogo experimentará segregação, mas, como a merenda, todas
aquelas atividades que não se adequarem ao projeto utilitarista e pragmático de
escola. (FORTUNA,
2000).
A grande
preocupação da escola, que quer prestar um serviço que agrade aos seus
clientes, os pais, é preparar as crianças para o mercado e não para a vida. A
brincadeira é mal vista, por não combinar com a seriedade dessa “missão”.
...os educadores de crianças pequenas, recusando-se
a admitir sua responsabilidade pedagógica, promovem o brincar; os educadores
das demais séries de ensino promovem o estudar. Outros tantos, tentando
ultrapassar esta dicotomia, acabam por reforçá-la, pois, com freqüência, a
relação jogo-aprendizagem invocada privilegia a influência do ensino dirigido
sobre o jogo, descaracterizando-o ao sufocá-lo. (Idem e Ibidem).
Nas escolas o
jogo, enquanto atividade espontânea e livre, não combina com o ensino,
atividade dirigida e os professores,
...o prazer é execrado na sala de aula. Sua valorização
propende, todavia, em nossos dias, para o endeusamento. O mesmo ocorre no
âmbito das relações entre tempo livre e lazer. A esperança de que o tempo livre
neste século experimentaria uma expansão contínua foi duplamente frustrada,
pois de um lado, os homens passaram a trabalhar mais para fazer frente às
propostas de lazer cada vez mais caras, e de outro, a transformação do tempo
livre num consumo de mercadorias de crescimento... (Idem e Ibidem).
A busca dessa satisfação individual também aparece nas salas de aula e
na educação das crianças. Se impõe de tal maneira que gera um individualismo
baseado no bem estar de cada um. Apesar de saberemos da
importância do brincar, não acreditamos que nele as crianças crescem, porque
realizam atividade que vão além da sua capacidade, ultrapassam a sua idade
real, aprendem valores, aprendem regras, aprendem a conviver em grupo,
apropriam-se do mundo através da fantasia e da linguagem?
Jogar, portanto, responde à necessidade de garantir
uma posição ativa, de ser sujeito de uma experiência, dominando-a. Quer como
esforço de compreensão, como nos brinquedos de construção e destruição, quer
como ab-reação à intensidade de uma experiência, o brincar... (Idem e Ibidem).
Como aceitar
que as crianças aprendam de maneira ativa, dominando as suas próprias
experiências, se a escola promove uma atitude passiva diante da vida e do
conhecimento?
O grande risco
da educação atual é a forma como ela impõe o seu modelo, ditando as regras de
convivência sem conversá-las, sem procurar saber o que o outro já conhecem,
sabem ou têm a acrescentar e que pode enriquecer o trabalho. Outro risco é
porque avalia as crianças como um grande conjunto que ela espera tornar
homogêneo, partindo do pressuposto que todas tenham o mesmo comportamento, ou
que tenham aprendido ao mesmo tempo, as mesmas coisas, da mesma forma.
Ah! Quem dera os
educadores também soubessem, em seu ensino, romper e dissolver o verniz de uma
falsa cultura para chegar ao âmago das verdades essenciais, deixar agir seu
poderoso fermento e colocar humildemente a ciência a serviço de suas
revelações! - Se vocês não parecerem com
essas crianças... dizia Jesus (FREINET, 1998, p. 54)
Onde fica a formação de cidadãos conscientes
dos seus próprios atos e do mundo em que vivem?
Não um homem fechado num
mundo estagnado tanto na ordem cultural quanto na ordem técnica, que busca
antes de tudo o lucro, mas um homem capaz de confiar em sua espontaneidade e em
sua criatividade, um homem responsável por si mesmo e pelo mundo no qual
viverá. (PORQUET, 1964, p. 14)
Onde ficam o espaço para refletir sobre a
natureza sobre os seus atos, o pensar o próprio? Ficam sufocados sob uma
educação que insiste no adaptar-se para sobreviver ao sistema. “Um dia, esperemos, o progresso não
se limitará mais a essa camuflagem mercantil” (FREINET, 1969, p. 113).
[1]
FERREIRA, Aurélio
Buarque De Holanda. O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
3ª. edição, 1ª. impressão da Ed. Positivo, revista e atualizada do Aurélio
Século XXI, 2004 by Regis Ltda. Edição eletrônica autorizada à POSITIVO
INFORMÁTICA LTDA.
[2]
BACAL, Sarah. Lazer
e o universo dos possíveis. São Paulo: Aleph, 2003;
Bibliografia:
ALMEIDA, José Robério Sousa. Como colaborar com a inserção dos pequenos na sociedade. Publicado em 14/08/2008. Disponível em <http://www.webartigos.com/articles/8650/1/O-Desenvolvimento-Psicossocial-Da-Crianca/pagina1.html> Acessado em out/ 2010.
ELIAS, Maria
Del Cioppo (org.). Pedagogia Freinet.
Teoria e Prática. SP. Papirus, 1996,
1ª ed.
FREINET, Célestin.
A
educação pelo trabalho. Lisboa,
Editorial Presença, 1º Volume, 1969.
FREIRE, Paulo.
Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa.
SP, Ed. Paz e Terra, 2005.
FORTUNA, T. R. Sala de aula é lugar de brincar? In: XAVIER, M.
L. M. e DALLA
ZEN, M. I. H. (org.) Planejamento em
destaque: análises menos convencionais. Porto
Alegre: Mediação, 2000. (Cadernos de
Educação Básica, 6) p. 147-164
MALUF, Angela Cristina Munhoz. O lúdico é o parceiro do professor. Publicado em 01/01/2000 <http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=270 > Acessado em set/ 2010.
Lembrando da minha infância e comparando com a atual situação, sinto uma tristeza por causa de meus netos. Eu brincava na rua e na vizinhança e tb no quintal de casa. Era enorme e cheio de árvores frutíferas . Alí ficávamos horas conversando ou imaginando coisas. Passávamos de um quintal para outro através da cerca que os dividia . Não existiam os muros e não havia proibição de ninguém quanto a isto. Não tínhamos muitos brinquedos, mas a imaginação tranformava o nada em tudo. Percebo hoje, que as crianças quando se juntam ficam sem idéias do que brincar mesmo tendo muitos brinquedos ou estão debaixo da supervisão de um adulto. Hoje mesmo estava comentando isto com meu marido . As crianças precisam brincar tb em casa e não ficarem no computador ou na tv. Não podem brincar na rua e nem nos vizinhos e tb não queremos ter trabalho de aceitar outras crs em casa por falta de tempo e tb por não querermos tanta aproximação alegando a tal da segurança. As crianças chegam na escola querendo brincar com outras porque isto faz parte de sua natureza, então vem a falta de concentração. O espaço escolar não lhes permite isto, já que o conteúdo precisa ser dado, ou melhor, entulhado nelas. Por conta disto há ainda muita lição de casa e as aulas particulares pagas pelos pais. Afinal de contas elas precisam se preparar para o futuro e a competição do mercardo é forte. Dizemos que as crianças de hoje são desatentas e não ouvem os adultos . Acho que nós é que não estamos atentos ao seu clamor. Ao brincar, a criança adquiri habilidades e conhecimentos que ficam para a vida toda. Vemos por ai pessoas que foram dez na escola e não sabem conduzir suas vidas de forma equilibrada, emocionalmente imaturas, sem criatividade. Precisamos repensar o modo como estamos conduzindo nossas crianças atualmente, tanto na sala de aula como em casa. Afinal, educadores somos todos, ou não somos?
ResponderExcluirÉ isso mesmo! Tudo conspira para que as crianças brinquem fiquem mais presas aos games e aos compromissos... Percebo o mesmo que você, pois muitas vezes vi as crianças reunidas e com dificuldade em começar uma brincadeira.
ResponderExcluirHoje meus filhos começaram a brincar mais, mas precisei iniciar as brincadeiras com eles, dar ideais, pois via que eles queriam só os jogos de videogame e a Tv. Regulei o tempo deles nessas atividades e agora eles passaram a gostar muito de brincar lá fora. Já está havendo essa mudança, mas como disse, precisei interferir e brincar com eles.
Abraços